Os mercados globais mostraram resiliência diante da intensificação do conflito no Oriente Médio. O barril do petróleo oscilou após disparos, mas voltou a recuar com a ampla capacidade da OPEP.
Apesar do bombardeio norte-americano às usinas do Irã e dos contra-ataques iranianos, o mercado global de petróleo demonstrou relativa estabilidade. Após uma alta inicial de US$ 81,40, o barril Brent recuou para a faixa dos US$ 74, sustentado pela percepção de excesso de oferta e planos da OPEP+ de manter produção elevada .
As bolsas de valores dos EUA e Europa fecharam em leve alta, e os títulos do Tesouro americano ficaram estáveis em 4,4%. A atenção dos investidores se voltou agora para as próximas decisões da Reserva Federal e para os dados de inflação.
Analistas destacam que a volatilidade nas commodities permanece sob controle por ora, mas que novos episódios podem reacender disparadas de preços. O mercado financeiro se mantém esperançoso de que a diplomacia possa evitar um conflito de maior proporção.
Estreito de Ormuz pode complicar
O Parlamento iraniano aprovou neste domingo (22) o fechamento do Estreito de Ormuz como retaliação aos ataques norte-americanos às usinas nucleares do país.
A decisão ainda precisa ser validada pelo conselho nacional de segurança iraniano e pelo próprio líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. A medida envolveria o uso de força militar para impedir o tráfego marítimo na região.
Só a possibilidade de que isso ocorra já causou grande preocupação mundial, uma vez que mais de 20% da produção mundial de petróleo e gás passam pelo estreito. O transporte de outros produtos também depende de Ormuz.
Entre eles, plásticos, fertilizantes, produtos químicos, automóveis, maquinários e eletrônico. Caso a decisão do parlamento iraniano se mantenha, a tendência é de aumento generalizado de preços desses produtos.
China sofreria forte impacto
A China, que seria um dos países mais impactados caso o fechamento venha a ocorrer, expressou através do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, em defesa da estabilidade na região.
“O Golfo Pérsico e as águas circundantes são canais vitais para o comércio internacional e o transporte de energia. Manter a segurança e a estabilidade na região atende aos interesses comuns da comunidade internacional”, disse Jiakun, de acordo com informações da Reuters.
“A China apela a todas as partes para que intensifiquem os esforços para aliviar as tensões e evitar que a instabilidade regional afete ainda mais o desenvolvimento econômico global.”
União Européia preocupada
A chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, também se pronunciou sobre os riscos de fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã.
“As preocupações com retaliações e com a escalada desta guerra são enormes, especialmente o fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã, que seria algo extremamente perigoso e não seria bom para ninguém”, afirmou Kallas, segundo divulgou a agência Reuters