O Bolsa Família não tem mecanismos para incentivar e incluir seus beneficiários no mercado de trabalho.
Atualmente, 7,7% da população brasileira vive com menos de R$ 300 por mês, estando abaixo da linha de pobreza definida pela FGV, que considera famílias com renda per capita inferior a R$ 667. Desse grupo, 3,8 milhões são economicamente ativos e, além de receber o Bolsa Família, têm idade para trabalhar, embora alguns enfrentem restrições. Muitos realizam trabalhos informais para complementar a renda.
Entretanto, 2,5 milhões de brasileiros, o equivalente à população de grandes capitais como Salvador ou Fortaleza, estão desempregados e enfrentam dificuldades para encontrar trabalho. A maioria depende quase exclusivamente do Bolsa Família.
A economista Laura Muller Machado, coordenadora de cursos de gestão pública no Insper e ex-secretária de Desenvolvimento Social de São Paulo, destaca a necessidade urgente de soluções para esses brasileiros. Ao lado do economista Ricardo Paes de Barros, ela propõe um modelo que combine desenvolvimento econômico com ações específicas para aproximar essas pessoas das oportunidades de emprego em suas comunidades. Isso inclui capacitação e intermediação com vagas de trabalho.
Segundo Machado, um dos problemas do Bolsa Família é que ele desencoraja o beneficiário a ingressar no mercado de trabalho, já que ao conseguir emprego, o beneficiário perde o auxílio. Além disso, mudanças no programa nas últimas administrações, como o reajuste no valor e as alterações nas regras de cadastro, levaram a fraudes e um aumento nos benefícios duplicados.
Machado sugere que o Bolsa Família continue como um suporte de renda enquanto os beneficiários se integram ao mercado de trabalho. Ela defende que, para garantir estabilidade financeira, o valor do benefício poderia ser ajustado temporariamente durante esse período de transição. Para ela, o programa é um dos maiores instrumentos sociais do país, mas necessita de atualizações para continuar cumprindo seu papel de redução da pobreza.