No mercado internacional a escalada do preço do petróleo provocada por novo pacote de sanções contra o setor energético russo vai afetar o Brasil onde a Petrobras segura o reajuste de preços dos combustíveis por ingerência política.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média do diesel nas refinarias da Petrobras, em relação ao preço praticado no Golfo do México chegou a 22% na última sexta-feira, enquanto na gasolina ficou em 13%. Mesmo na Refinaria de Mataripe, que reajusta seus preços semanalmente, o óleo diesel está sendo vendido 11% abaixo do mercado internacional, e a gasolina a um preço 7% inferior.
O preço do diesel não é reajustado há 383 dias nas refinarias da estatal, e da gasolina, há 188 dias.
Segundo o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas – FGV, será difícil evitar por muito tempo um reajuste diante dessa defasagem, o que vai pesar na inflação de janeiro e principalmente de fevereiro. No caso do índice oficial de inflação, IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a maior preocupação é a gasolina, que compromete 5% do orçamento familiar no Brasil.
O cenário da inflação dos próximos meses também dependerá do comportamento do câmbio, que se por um lado estimula as exportações, o que é bom para a balança comercial do País, por outro turbina os preços internos. “Ao exportar, a oferta doméstica reduz, o que pressiona a inflação e torna mais caro tudo o que importamos, como trigo e gasolina”, explicou Braz.