Em um cenário político historicamente dominado por homens, Montes Claros vive um momento significativo: cinco mulheres ocupam cadeiras na Câmara Municipal. O feito simboliza avanços na representatividade feminina e reforça a importância da voz das mulheres nas decisões políticas.
Cada uma dessas vereadoras carrega uma trajetória única, marcada por desafios, conquistas e compromissos com diferentes causas. Em comum, todas compartilham a vontade de transformar a cidade e abrir caminhos para que mais mulheres ocupem espaços de poder.
Trajetórias e propósitos
Carol Figueiredo: política como missão
Eleita pelo PL e também suplente de deputada estadual, Carol Figueiredo decidiu se dedicar integralmente ao mandato de vereadora. Para ela, a política é um chamado divino.
“Aceitei trilhar esse caminho devido às causas sociais e pró-vida. Sou católica e tive uma educação pautada nos princípios cristãos e no altruísmo. Faço trabalhos sociais desde os seis anos”, destaca Carol, que também atua como voluntária em diversas instituições de caridade.
Ceci Protetora: política como ferramenta de transformação
Em seu segundo mandato pelo PRD, Ceci Protetora se consolidou como uma das vozes mais ativas na defesa da causa animal. Seu envolvimento com a política nasceu da indignação diante da negligência do poder público.
“Se ninguém fazia, eu precisava fazer. A política é uma ferramenta poderosa de transformação social. Luto para garantir que o município tenha um olhar comprometido com o bem-estar animal e a saúde pública”, ressalta a vereadora.
Iara Pimentel: compromisso com a educação e os direitos sociais
Também no segundo mandato, Iara Pimentel (PT) tem um histórico de defesa da educação pública, da cultura, da saúde e dos direitos dos trabalhadores. Professora e mãe, divide-se entre a sala de aula e as demandas do legislativo.
“A decisão de entrar para a política foi coletiva, fruto do meu engajamento nos movimentos sociais e sindicais. Defendo uma cidade inclusiva, com acesso a serviços de qualidade, especialmente para a população periférica”, pontua a vereadora.
Graça da Casa do Motor: atuação junto à comunidade
No terceiro mandato consecutivo, Graça da Casa do Motor (União Brasil) tem uma atuação focada na busca por soluções para as demandas da população. Empresária e mãe de três filhos, acredita que a família é essencial na construção de uma cidade melhor.
“Meu desejo é que Montes Claros se desenvolva de forma sustentável. Acompanho de perto as necessidades da população e trabalho para que as soluções saiam do papel”, afirma Graça.
Maria Helena Lopes: pioneirismo e resistência
A única entre as vereadoras que já exerceu mandatos anteriores (2000-2004, 2016 e reeleita desde então), Maria Helena Lopes (MDB) conhece bem os desafios de ser mulher na política.
“Quando fui eleita pela primeira vez, aos 28 anos, ouvi insultos, fui assediada e enfrentava preconceito por estar em um espaço tradicionalmente masculino. Muitas mulheres desistem diante dessas dificuldades, mas é preciso coragem para seguir”, relembra.
Mulheres na política: desafios e perspectivas
A participação feminina na política brasileira ainda é baixa, apesar de as mulheres representarem mais de 52% do eleitorado. O cenário, no entanto, vem mudando, impulsionado por figuras como as vereadoras montes-clarenses.
Para Carol Figueiredo, a essência feminina é um diferencial na política. “Precisamos ser inspiradoras, iluminar o caminho de outras mulheres e incentivar a união feminina”, defende.
Ceci Protetora destaca que a política sempre foi um espaço de poder masculino e que romper essa barreira é um ato revolucionário. “Cada mulher que ocupa um cargo abre caminho para tantas outras. Nossa presença é essencial para transformar realidades”, afirma.
Iara Pimentel reforça que a luta por mais mulheres na política é um investimento para uma sociedade mais justa. “Sem as mulheres, não há democracia. Precisamos de políticas públicas inclusivas, que combatam a desigualdade e a violência de gênero”, diz.
Graça da Casa do Motor acredita que o olhar feminino traz mais sensibilidade para a criação de políticas públicas. “Nossa visão detalhista e nosso compromisso com a coletividade tornam a política mais humanizada e eficaz”, ressalta.
Já Maria Helena Lopes destaca que, apesar da conquista de cinco cadeiras femininas na Câmara, ainda há muito a avançar. “Nunca tivemos uma mulher na presidência da Casa. Precisamos continuar ocupando espaços e equilibrando as forças políticas”, enfatiza.
O voto feminino e a conquista da representatividade
O direito ao voto feminino no Brasil foi garantido em 1932, após intensa luta das mulheres. Hoje, embora sejam maioria entre os eleitores, ainda enfrentam barreiras para ocupar cargos eletivos.
Montes Claros escreve mais um capítulo dessa história ao ter cinco mulheres na Câmara Municipal. Um marco que não apenas fortalece a representatividade feminina, mas também inspira novas gerações a acreditarem que a política pode — e deve — ser um espaço de todas.