“Dinheiro sujo” da Odebrech leva ex-presidente para a prisão por 15 anos

Ao contrário do que ocorre no Brasil, onde a operação Lava Jato foi desmantelada, no Peru o ex-presidente Humala, que já estava em prisão preventiva, segue o caminho da maioria dos líderes peruanos nas últimas quatro décadas: processos judiciais que culminaram com quatro deles na prisão, dois por seus vínculos com a Odebrecht e outros três estão cumprindo penas legais que também podem terminar em cadeia.

Lima, 15 de abril (EFE).- “Ninguém é intocável.” A frase, dita em qualquer outro país, pode soar irônica ou até exagerada, mas nas palavras de Rafael Vela, chefe da equipe Lava Jato da Procuradoria-Geral do Peru, soa como o tipo de dardo que o ajudou a garantir a condenação do ex-presidente Ollanta Humala na terça-feira por receber contribuições da Odebrecht.

Humala, que já estava em prisão preventiva, segue o caminho seguido pela maioria dos líderes peruanos nas últimas quatro décadas: processos judiciais que levaram quatro deles à prisão, dois por seus vínculos com a Odebrecht e outros três estão cumprindo penas legais que também podem levar à prisão

O homem que presidiu o Peru entre 2011 e 2016 foi condenado a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro agravada, depois que o tribunal concluiu que ele recebeu contribuições ilícitas de Hugo Chávez e da empresa brasileira Odebrecht para financiar suas campanhas eleitorais em 2006 e 2011, respectivamente.

A esposa de Humala, Nadine Heredia, também foi considerada culpada do mesmo crime e sentenciada a 15 anos de prisão por dirigir essas campanhas eleitorais. Entretanto ela conseguiu pediu asilo na embaixada do Brasil de onde, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, veio para o Brasil, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

No final da audiência, onde foi conhecida a sentença, que ainda cabe recurso, a polícia prendeu Humala e o levou para a prisão, presumivelmente para a chamada “Prisão Presidencial”.

No presídio de Barbadillo, localizado na base da Divisão de Operações Especiais da Polícia Nacional, um de seus antecessores, Alejandro Toledo, também condenado no caso Odebrecht, e um de seus sucessores, Pedro Castillo, o aguardam. Estão detidos aguardando julgamento por seu golpe de estado fracassado em 2022.

Toledo, o primeiro de uma saga

Toledo não só foi o primeiro presidente eleito após a queda de Alberto Fujimori, com quem dividiu a prisão em Barbadillo, no que é conhecido no Peru como “a recuperação da democracia”, como também abriu caminho para o penoso caminho dos presidentes condenados pela Odebrecht.

O ex-presidente (2001-2006) foi condenado a 20 anos e seis meses de prisão por conluio e lavagem de dinheiro por propina recebida da empresa brasileira, e ainda enfrenta outro julgamento por suposta lavagem de capital recebido.

Seu companheiro de cela até 2024 foi seu inimigo político, Alberto Fujimori, o autocrata que governou o país com mão de ferro entre 1990 e 2000 e foi condenado por crimes classificados internacionalmente como crimes contra a humanidade.

O controverso perdão concedido pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski permitiu que ele saísse da prisão e morresse em casa, reduzindo o número de prisioneiros em Barbadillo para dois.

Acompanhando Toledo, e presumivelmente Humala, está o mais recente presidente eleito do Peru, Pedro Castillo.

Castillo acabou dividindo a prisão com Fujimori após seu golpe de estado fracassado em 7 de dezembro de 2022.

A mensagem de Castillo, considerada golpista, tem muitas semelhanças com a que Fujimori transmitiu durante seu golpe de 1992.

Atualmente, o presidente recém-eleito é acusado de rebelião no golpe de 2022 e também enfrenta outra ordem de prisão preventiva de 36 meses por corrupção.

De Alan a Boluarte

Os demais presidentes também não tiveram um caminho mais promissor, já que Alan García, o presidente que liderou o país por dois mandatos (de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011), optou pelo suicídio em vez de ser colocado em prisão preventiva pelo caso Odebrecht.

García tirou a própria vida em 2019 enquanto as autoridades realizavam uma operação para prendê-lo em Lima. O político estava sendo investigado por um caso de corrupção ligado à Odebrecht.

O penúltimo presidente eleito do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, também foi colocado temporariamente em prisão domiciliar no caso Odebrecht, e um juiz ordenou agora uma nova investigação devido a irregularidades no processo anterior.

Seu sucessor, Martín Vizcarra, enfrenta julgamento por suposta corrupção passiva quando era governador da região sul de Moquegua (2011-2014) e o Ministério Público o acusa de receber propinas que totalizam mais de 2 milhões de soles (cerca de 534.000 ou 473.000 euros).

A atual presidente, Dina Boluarte, enfrenta sua própria odisseia judicial, com várias investigações abertas, a mais notória delas por corrupção envolvendo o recebimento de relógios de luxo não declarados (embora o Congresso possa impedi-lo), além de outras por suposta negligência ou mortes durante protestos, que chegaram ao Tribunal Penal Internacional.

As exceções

Dois presidentes deixaram o Palácio do Governo sem causar alarde: o presidente que iniciou a transição no Peru após a queda de Fujimori, Valentín Paniagua, e Francisco Sagasti, que assumiu a Presidência após a turbulenta saída de Vizcarra e seu sucessor, Manuel Merino.

Não há acusações contra eles, os líderes temporários do país nomeados pelo Congresso, nem há acusações contra Merino no momento.

Merino, presidente por apenas cinco dias, foi denunciado pelas mortes nos protestos que se seguiram à sua nomeação, mas o Congresso arquivou o caso.

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